Publicado originalmente em 25.08.12
Era uma vez uma linda e doce menininha chamada Julieta. Ela era uma boa aluna, uma ótima filha e uma excelente neta, era amada por todos que a conheciam. Julieta morava com a sua mãe, mas todo final de semana ia visitar a avó, cuja casa ficava a algumas quadras de distância. As duas eram muito próximas e sempre se divertiam muito quando estavam juntas.
No aniversário de Julieta, sua avó lhe presenteou com uma linda
capa que ela mesma havia costurado. A capa era vermelha, a cor preferida da
garota, e possuía um capuz que era amarrado no pescoço.
- Use sempre quando sair de casa - disse a avó. - O capuz vai te
manter protegida do sol e, se chover, também te protegerá da chuva.
A menina gostou tanto do presente que passou a usá-lo praticamente
todo dia; não tinha quem a fizesse sair de casa sem a sua capa vermelha. Por
causa disso, e pelo fato de ela sempre usar o capuz, Julieta acabou ganhando o
apelido de Chapeuzinho Vermelho e todos que a conheciam passaram a chamá-la
assim.
Um dia, Chapeuzinho Vermelho chegou da escola e encontrou sua mãe na
cozinha acabando de preparar uma canja de galinha. A mãe guardou a canja em uma
vasilha, depois colocou em uma sacola junto com uma garrafa de suco de laranja
e entregou para a filha.
- Chapeuzinho, leve isso para a sua avó. - disse sua mãe - Ela está
muito gripada e eu acho que isso a ajudará a melhorar. Almoce com ela e volte
para casa depois do jantar. Ande sempre pela avenida e pelas ruas principais,
não pegue atalho algum, não converse com estranhos e não se esqueça de me ligar
quando chegar lá.
- Tudo bem, mamãe. - respondeu Julieta - Vou levar isso para a vovó
agora mesmo e ligo assim que chegar na casa dela.
Chapeuzinho se despediu da sua mãe e foi para a casa da avó. Ela caminhava
distraída, cantarolando feliz uma música nova que havia aprendido na escola até
que viu um coelho branco correndo e entrando em uma esquina. A menina achou o
animal tão bonito e diferente que resolveu correr atrás dele, mas assim que
dobrou a esquina ela tropeçou em uma pedra e teria dado de cara no chão se um
braço não a tivesse segurado e evitado que caísse e se machucasse.
Chapeuzinho Vermelho se endireitou e olhou para o homem que a salvara.
Ele era alto, estava sem camisa e trajando calças jeans surradas e tênis, no
seu braço esquerdo podia-se ver uma tatuagem de um lobo e a mão que não
segurava Chapeuzinho estava segurando um cigarro. Ela detestava cigarros
e achou a tatuagem de lobo um pouco assustadora, mas decidiu que o homem era
simpático já que, segundo a sua avó, só pessoas simpáticas e bondosas ajudavam
aos outros.
- Obrigada. - ela disse.
- De nada. - ele replicou. - Você deveria tomar mais cuidado e prestar
mais atenção por onde anda. Poderia ter se machucado. Qual é o seu nome?
- Julieta, mas todos me chamam de Chapeuzinho Vermelho - ela respondeu
alegremente, esquecendo-se por completo do que sua mãe havia dito sobre não
conversar com estranhos. - E qual é o seu?
- Meu nome é... Romeu, porém todos me chamam de Lobo Mau. Mas, apesar do
apelido, eu sou muito bonzinho.
- Lobo Mau!? Que apelido estranho! As pessoas te chamam assim por causa
da sua tatuagem?
- Na verdade, é o contrário. Eu fiz essa tatuagem por causa do meu
apelido. Mas isso é uma longa história e eu quero saber é o que uma menininha
como você está fazendo andando sozinha por um lugar como esse.
- Ah! Eu tô indo visitar a minha avó e levar o almoço dela. Ela tá
gripada e mamãe fez canja de galinha e suco de laranja para ver se ela melhora.
- Sua avó tem sorte de ter uma netinha tão boa quanto você. Mas essas
ruas e esquinas são muito perigosas. Você não deveria andar por aí sozinha. Que
tal se eu te acompanhar até a casa da sua avó por precaução? E, no caminho, eu
aproveito e te conto a história do meu apelido. O que você acha?
- Obrigada. Isso ia ser legal.
- Ótimo! Então vamos. Você mostra o caminho e eu conto minha história.
Lobo Mau pegou a mão de Chapeuzinho Vermelho e eles saíram andando
enquanto ela comentava:
- Você tem olhos tão grandes! Eu queria que os meus fossem assim.
***
No dia seguinte o corpo
despido de Chapeuzinho Vermelho foi encontrado em um cesto de lixo perto da
casa da sua avó. O corpo da menina mostrava sinais de abuso e violência e a sua
capa vermelha estava enrolada em seu pescoço.
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